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          Pelo menos, o Partido Comunista, recusou-se a qualquer encontro com a equipa negociadora da União Europeia e do FMI. De igual modo, o bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Peres, mostrou-se indignado com a situação de absoluta dependência e afirmou ser inútil o sentido do voto nas próximas eleições. Não querendo desmentir que estas duas atitudes demonstram a recusa da perda da nossa soberania e da ingerência externa, penso que há maneiras mais construtivas de lidar com a situação. Embora tudo indique que o próximo governo eleito irá governar com políticas impostas do exterior e regularmente "policiado", omite-se que a eleição tem como objectivo, antes de mais, a eleição de deputados. É de toda a utilidade para a democracia que, na Assembleia da República, hajam vozes discordantes e com um pensamento alternativo, mesmo que não venham a ter responsabilidades governativas. O monolitismo ideológico só acinzenta e empobrece mais o nosso quotidiano. Também acho, que seria uma atitude mais construtiva, se o PCP se reunisse com a Troika, pois, seria uma oportunidade de afirmar uma visão alternativa da política.
        Esta situação a que o país chegou deixa-me perplexo e sem muitas certezas. Do governo, só tenho a certeza que resistiu tempo demais a solicitar auxílio. Também penso que Portugal foi vítima de especulação danosa do sistema financeiro e que, o PSD, deu uma maõzinha fatal e derradeira ao chumbar o PEC4. Também penso que, no colete de forças financeiro a que fomos sujeitos, o melhor que outro governo poderia ter feito, seria pedir auxílio atempadamente. Também acho que a situação da Grécia, da Irlanda e de Portugal não tem semelhanças, a não ser no facto de terem sido visados pelo sistema financeiro como um alvo a abater, em termos de especulação irracional.
       Quanto às resistências ou renitências em acudir outro país, esses esquecem ou não enxergam, que isto, trata-se, antes de mais, de um ataque especulativo à zona euro. Elementarmente, Portugal cumpriu as suas obrigações de auxílio à Grécia e à Irlanda e, por conseguinte, o seu pedido neste momento nem teria motivos para ser questionado. Bàsicamente, quem se recusar a cumprir as suas obrigações, deverá abandonar a zona euro. A União Europeia faria um serviço a si própria se tomasse medidas efectivas de regulamentação do sistema financeiro. Este, ao condicionar os governos democráticamente eleitos, traduz-se numa perversão de uma economia de mercado, regular e saudável.
       Como síntese e indo ao que considero o fundo da questão, podemos falar de especulação ilegal e danosa dos mercados e de incompetência dos governos e de má gestão mas, o que está aqui em causa e continuará a estar daqui a três ou cinco anos, é este modelo económico e social. Mudá-lo, implica mudar as políticas da União Europeia. Mudar estas, implica mudar de políticos e isso questiona o sentido do nosso voto em eleições nacionais e europeias. Os deputados europeus adquiriram muitas competências e poderes nos últimos anos, bastando recordar que o seu voto é determinante para a composição e aprovação da Comissão Europeia, para o Orçamento e outros poderes legislativos. A abstenção nessas eleições é uma espécie de "harakiri" europeu. Está nas nossas mãos, europeus, fazer a mudança. 
      
publicado por Armindo Carvalho às 16:15

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